sexta-feira, 21 de março de 2008

Tijolos

Ela conseguia ver os tijolos avermelhados tremerem. Apesar de a rua estar muito escura, dava pra ver ainda tudo a sua volta tremer de acordo com o movimento que estava fazendo. Uma luz clareava lá em cima, a chamada Lua. A dona da noite não parecia ser ela dessa vez.

Tudo não clareava há muito tempo desde que seu último rolo havia acabado. Porém, uma coisa mudou quando ela começou a sair - sozinha - para as festas que aconteciam ao redor do seu bairro. E foi numa dessas festas que conheceu ele.

Tinha cara de machão, sua virilidade espalhada e expelida por todo corpo. Aproximou-se dela com firmeza e puxou-a pelo braço, "Vamos dançar" ordenando. Ela não se importou, estava totalmente vulnerável naquele dia. O primeiro que chegasse, comeria.

E foi realmente o que aconteceu. Não deu muito tempo para os dois sarrarem com força e vontade no meio da pista, até chegar o dono da festa e oferecer-lhes o cartão de um motel e um pacote com camisinhas. Ele olhou para o lado, parando de chupar seu pescoço - que por sinal estava ficando roxo - e pegou as coisas oferecidas, puxando-a para fora da casa.

O som alto corria solto quando eles saíram da casa. Nem trocaram um olhar, nem disseram uma palavra. Apenas ele andava ágil e com força, procurando um lugar escuro, puxando ela pela mão. Até que encontraram um muro de tijolos, em uma rua escura.

O treme-treme do muro a deixou aperriada. Queria sentir alguma coisa ali, mas a única coisa que conseguia ver era os tijolos quase saindo do lugar, e uma coisa roliça entrando em sua vagina. Tudo indicava - pensou isso antes de sair de casa - que a noite seria maravilhosa, e então quando aquele Homem chegou e lhe puxou, foi aí que teve certeza. Mas tudo parecia muito estranho e ela procurava em seu íntimo, em cada interior de seu corpo, tentar gostar daquele momento.

Ele metia nela com uma força incrível. Estava adorando, adorava aquele sexo do tipo estupro. Mal se importou se ela queria ou não, apenas estava gostando. Cada minuto que passava, ou cada carro que voava na rua, ele ficava ainda mais excitado e enfiava nela com mais força e mais rapidez. Ela tremia, ele sentia, e chupava o pescoço dela até ficar roxo.

Não conseguiu pronunciar um sequer gemido. Segurava seu ombro com força para não cair, e abria os olhos, vendo os tijolos vermelhos tremerem com mais força a cada carro que voava dali, a cada grito de um malandro qualquer na rua escura. Sua força tava acabando. A dele também. Sentiram os dois. O treme-treme dos tijolinhos vermelhos foi acabando.
Ele foi parando devagar, até totalmente exausto, tirar-se dela. Não olhou-a no olho. Nem trocaram uma palavra.

Levantando a calça, abotoando-a e fechando o zíper, disse, entre dentes:
- Foi ótimo.
Ela ascentiu fragilmente e ele foi embora, deixando-a exausta na rua escura, apenas iluminada pela Lua.