terça-feira, 29 de setembro de 2009

Brincos de Princesa

A brisa leve carregava os lírios brancos, os lilases, as camélias em pequenos redemoinhos, fazendo o cheiro doce subir ao ar. Alguns pólens se soltaram e dançaram alegremente pelo jardim, dando voltas e rodopios até chegarem próximo a um narizinho no canto do caminho. A garotinha soltou um espirro miúdo, quase imperceptível, e limpou com as costas da mão o nariz. Mas isso não tirou sua atenção do colorido novo à sua frente.

Com as mãos pequeninas, ela tocava uma pétala branca da tão bonita e colorida flor nova que sua mãe tinha plantado no jardim, dentro de um vaso muito ornamentado. As folhas verdes caíam sobre a estrutura de cimento e os caules finos eram entortados para baixo, suspendendo assim as pétalas brancas, rosas e roxas formando pequenos botões. Era o brinco mais bonito que a garotinha já tinha visto, e só sabia que era um porque sua mãe lhe dissera o nome da flor. Não parecia nenhum dos dois, era quase uma espécie de milagre da natureza.

Suas mãozinhas rechonchudas seguraram a flor em forma de concha, direcionando-a para o sol poente de verão. As pétalas brancas e rosas disputavam lugar na base, as duas querendo sustentar a cúpula invertida de pétalas roxas no meio. Todas as cores resplandesciam nos raios de sol, quase ofuscando a vista da garotinha. Se ela olhasse um pouco mais adiante, a luz tomaria conta de seus olhos e sua visão viraria um mar de brancura. Mas ela focava sua atenção na beleza daquela flor, imaginando quem tivera a idéia esplêndida de criá-la daquele jeito, e daquelas cores.

-Liriana! - gritou uma voz familiar de dentro da casa. A garotinha não ouviu.

Uma mulher alta de cabelos longos saiu da casa e parou, antes de se aproximar. Observou a filha por um instante, vendo o quanto ela estava absorta na novidade do jardim. Sorriu, observando o encantamento da filha, e chamou mais uma vez, só que baixinho:

- Liriana, meu amor, que está fazendo aí?

A garotinha não respondeu. A mulher aproximou-se e dobrou as pernas, ficando na mesma altura da filha. Tocou de leve os cabelos dourados dela e, de súbito, a garotinha piscou e balançou rápido a cabeça, como se acordasse de um sonho.
- Mamãe?
- Liriana, estou lhe chamando há séculos.
- Eu não ouvi! Desculpa! - afirmou a garotinha voltando à flor.
- Pois estão estou chamando agora. Gostou da flor nova, não foi?
- Sim, sim! Adorei! - respondeu ela, empolgada - É linda, perfeita, maravilhosa!
- Humm... Que bom, então. Vou plantar mais dessas aqui. Agora vamos que estou terminando o bolo e preciso da sua ajuda.
- Oba! Bolo de chocolate!

A garotinha soltou delicadamente a mão da flor branca-rosa-roxa e entrelaçou os dedos com os da mãe, tão finos e bem pintados. Ajeitou o vestido e caminhou de volta para casa pelo jardim cheio de lírios e lilases e camélias e flores de vários tipos, além de um vaso ornamentado cheio dos mais lindos Brincos de Princesa.


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O blog deu uma parada porque to totalmente sem criatividade pra escrever qualquer coisa. Então, não estranhem se ao vir aqui ainda estiver tudo na mesma.