domingo, 13 de setembro de 2009

Cores

São só teus olhos de cor indefinida que me acordam para um novo dia. Somente estas esmeraldas que carregas contigo são o presente que me dás pela manhã, quando o sol está nascendo. Bem sei eu que me darás outras jóias no decorrer do dia, mas é só esta que me faz levantar da cama. Ver o dia amanhecendo em teus olhos é maravilhoso.

Mais tarde, ao chegar em casa, é tu que me recepcionas com estes olhos cor de mel, açucarados. O dia está pela metade e deixam teu olhar curioso, brincalhão, tanto que não resisto e acabo desistindo dos meus afazeres para ir rir da nossa idiotice. Passo tanto tempo contigo que esqueço das horas e quando vejo, o dia vai virando tarde, e eu tenho que ir. E teus olhos vão me seguindo pela casa, se enroscando nos lugares indevidos, curioso, brincalhão.

No entardecer eu volto, e te chamo para a varanda, nosso lugar das cinco horas. Contigo à minha frente, comparo as camadas de cores sem-nome do céu com as dos teus olhos. Tuas bolas de gude têm o azul claríssimo no fundo e o vermelho, o laranja, ao redor da pupila. Do mesmo jeito do sol, as cores vão perdendo seu tom, e quando a noite finalmente entra, teus olhos adquirem um azul escuro, quase acinzentado, tão diferente de todas as cores já vistas no mundo.

É nessa hora que voltamos para o quarto e eu fico, sentada na cama, a observar-te. És de uma beleza tão infinita, que não sei como descrevê-lo, não sei como te representar em meras e poucas descrições. És demais para somente linguagem - és feito de cores, verde-esmeralda, dourado e azul-acinzentado.

E eu me sinto boba por ficar tanto tempo perdida nos olhos que não são meus, e nem são humanos. Mas, tu sabes que não és somente um animal qualquer - teu miado doce e teu andar sensual já fazem parte dessa casa e de mim. E agora não sei o que seria das minhas cinco horas da tarde sem a cor exuberante dos teus pequeninos olhos felinos.