"Ouça: respeite mesmo o que é ruim em você - respeite sobretudo o que você imagina que é ruim em você - pelo amor de Deus, não queira fazer de você mesma uma pessoa perfeita - não copie uma pessoa ideal, copie você mesma - é esse o único meio de viver." Clarice Lispector
Então, era assim que Fernanda era.
- Minha mãe não sabe nada sobre mim - comentava ela comigo, enquanto adávamos pelo pátio aberto da escola - Nada mesmo.
- Como assim? - indaguei, curiosa - Toda mãe deve conhecer a filha, nem que seja um pouquinho. É pura intuição, puro sexto sentido.
- Parece que para as outras mães, sim, mas para a minha não. Ontem eu cheguei em casa e não falei nada com ela, nem disse como foi a aula, nem nada. Só me tranquei no quarto e fiquei lá dentro a tarde inteira, estudando e lendo. Se eu saí, foram duas vezes, uma para ir ao banheiro e outra para comer algo. Mas ela já não estava mais em casa.
Eu balancei a cabeça, consentida.
- À noite - ela continuou - eu não saí do quarto para festejar a chegada dela em casa, como sempre fazia. Fiquei lá dentro, só ouvindo seus barulhos já tão familiares para mim, e controlando a minha empolgação. Acabei dormindo mais cedo do que o normal e hoje de manhã, o nosso silêncio era pertubador dentro do carro. Me senti muito mal, mas deixei passar para ver o que acontecia. Talvez hoje eu faça isso de novo, para ver qual é a dela.
- Ela não teve nenhuma reação? - perguntei.
- Não aparentemente - respondeu Fernanda. - Mas vou fazer isso de novo hoje, e vamo ver o que acontece.
- Você tem certeza de que isso é uma boa idéia? Na verdade, você pode fazer isso só como se fosse um teste. Até aí, tudo bem. Mas não permita, de forma alguma, carregar essa atitude com você pelo resto da sua vida.
- Porque você está me dizendo isso? - quis saber Fernanda.
- Olha, eu andei pensando e, poxa, tem tantas famílias por aí que não tem esse contato que vocês têm. Mesmo que seja, para você, um tanto egoísta da parte de sua mãe, não falar com você do mesmo jeito que você fala com ela, mas vocês se dão bem, de uma forma ou de outra. E, caramba, isso faz muita falta ultimamente. Perceba: ninguém se importa mais se a mãe ou o pai está bem, só querem saber da forma como eles vão pagar seu novo tênis, notebook, ou o que eles quiserem. Não existe mais essa cumplicidade entre as famílias. E vocês têm isso! Vocês têm algo que a maioria perdeu!
- Mas não é tão perfeito assim. - disse ela - Minha mãe não se importa com meus sentimentos. Eu falo muito com ela, e ela nunca parece estar ligada no que eu digo. Isso, para mim, não é ser cúmplice um do outro de jeito nenhum.
- Mas, veja, isso talvez seja apenas a sua impressão. Talvez você queira que ela seja mais expansiva, mais aberta, sendo que ela não é. Ninguém vai fingir ser uma coisa que não é. E, olha só, quem sabe ela não te teve assim, uma criança alegre e animada, para exatamente se opor ao seu próprio acuamento. Fernanda, até mesmo os defeitos podem fazer de você o que você é. Além do mais, essa coisa de defeito é muito relativa. Para você, esse é o pior defeito dela - me corrija se estiver errada - mas, mesmo assim, não deixa de fazer dela o que ela é.
Fernanda não me encarava, olhava para o chão de pedra, mas eu sabia que ela me ouvia com atenção.
- Você está dizendo - disse ela, ainda de cabeça baixa, a voz um pouco mais fina do que o normal - que eu não preciso mudar para agradar a minha mãe?
- Claro que não! - exclamei - Você não precisa mudar. Só mude se você quiser, mas nunca pelos outros. Os outros têm a obrigação de te aceitarem do jeito qual você se apresenta a eles. E esses "outros" não excluem seus pais.
Por um segundo, pude ver algo cair de seus olhos. Acho que era uma lágrima. Ela não levantou a cabeça até o sinal para a volta as salas tocar, nem menos me encarou. Quando o soou o toque, nós duas nos levantamos na mesma hora e, ainda sem me encarar, abraçou-me.
- Cuide bem do que você tem de melhor. E o que você tem de pior. Porque, no final das contas, é isso que faz com que você seja, simplesmente, você. - sussurrei no ouvido dela enquanto nos abraçávamos longamente.
Eu saí em direção a sala de aula. Ainda consegui vê-la sair correndo para o banheiro. Estava certa. Fora uma lágrima que caíra do seu rosto, há pouco tempo.
------
Gente, eu recebi um selinho, mas tinha me esquecido de postar, óh? Então, agora que finalmente lembrei, vou postar ;D
Ganhei da lindíssima Bruna Bianconi, coisa már linda do mundo o selo, ameeeeeeeeei *-* Brigada beiber, você é dez, ainda mais por amar o CQC assim como eu ;D
Enfim, aí vai:
*Postar o selinho em seu blog, tendo consciência do propósito de Promover uma confraternização em blogueiros, homenagem à seus trabalhos. (ui)
*Dizer de quem recebeu.
*Repassar a 'Declaração' para outros blogs (quantos quiser) que vc realmente queira declarar o seu amor por belos trabalhos.
*Deixar link do homenageado, sem esquecer de avisá-lo!
*Postar as regras.
Lindo, né?
Repasso para:
Vanessa Essência
e seu futuro namorado Daniel;
A menina da vida à moda escrita
e pra menina que falta verso, acho que vou comprar uns pra ela :P (dã, que merda)