Era uma festa. Aniversário da melhor amiga da minha irmã. O traje era específico:
Para meninas:
Verde - Livre;
Amarelo - Com namorado, mas sem ele presente;
Vermelho - Namorando, com ele presente.
Para meninos:
Branco - Livre, sem vontade de pegar ninguém;
Preto - Livre, com vontade de pegar alguém.
O que mais tinha era menina de verde e meninos de preto. Quando entrei, junto com a minha irmã, eu vestia branco e ela verde. Entre as pessoas que falavam freneticamente com ela, eu saí meio esquivado, e fui andando lentamente pra varanda do quarto do irmão da aniversariante, o Doug. Quando entrei no quarto, vi a cama, meia desarrumada, um quadro com uma fotografia de um homem velho, alto e moreno, com uma criança que parecia ser o Doug quando pequeno; um guarda-roupa com uma pintura da liga da justiça, um tapete, e um criado-mudo com um microsystem em cima. Mais nada. Caminhei até a varanda.
Daquele 17° andar, dava pra ver toda a rua e metade da cidade. As luzes acesas dos postes e dos carros encandeavam a noite que persistia em cair. Nos jardins situados dentro das casas em frente ao prédio, algumas flores murchavam e outras preparavam-se para desabrochar. No céu, uma lua cheia brilhava com toda força, avisando o mês dos namorados. Era 12 de Junho, dia dos namorados, e eu não tinha ninguém pra comemorar.
Fiquei ali, entrando em devaneios e observando toda a vista daquela varanda, até que escuto um barulho na porta. Viro pra trás e vejo Doug entrar. Torno a olhar pra frente, fingindo não ter o visto ali. Ele percebe minha presença e caminha até a varanda, pára ao meu lado.
- Fazendo o quê aqui?
- Nada - respondo, olhando pra baixo do prédio - Só olhando a vista. É muito bonita, sabia?
- É, quando você já mora aqui há quase cinco anos, ela perde a graça. - comentou.
- Sei.. mas, você não vai pra festa? É aniversário da sua irmã! Você deveria estar lá, sabia?
- Sabia.. mas não quero. Lá tá cheio de gente que nunca vi na vida. Esses amigos da Gabi.. - olhou pra mim, olhei pra ele - Você sabe como são - e desviou o olhar.
- Sei muito bem.
Um silêncio tomou conta e eu comecei a ficar nervoso. Sempre gostei da companhia do Doug, mas estava sentindo algo diferente naquela hora. Como se fosse uma atração forte por ele, que eu não conhecia ainda. Comecei a suar nas mãos. Mas ele não percebeu. Ou será que percebeu?
- Hoje é dia dos namorados, não é? - perguntou, olhando pra mim com aquele olhar que eu ainda não tinha descoberto, mas estava feliz em tê-lo feito. Me senti bem.
- É, mais um dia dos namorados pra quem tem. - comentei, retribuindo o olhar e desviando-o, imediatamente. Eu senti que ia ficando vermelho.
- E você não tem? - perguntou.
- Não, né! - exclamei, um pouco alto demais.
- Porque não quer... - comentou, passando a mão pelos meus ombros.
- Não, porque não tenho mesmo. - Tirei a mão dele, com vergonha. Eu tinha gostado do toque dele, bem leve. Nunca senti aquilo na vida. Meu órgão começou a se excitar. Odiava quando isso acontecia, sempre em momentos errados.
- De besta que é! - E tornou a colocar a mão em mim, agora na minha cintura. Dessa vez, eu deixei. Queria ver aonde aquilo ia dar, ainda mais, sabia que eu estava gostando.
- É porquê ninguém me quer, mesmo. Só porque não sou malhado nem me visto igual à todos os meninos do colégio. É sempre assim..
Doug se aproximou, juntando meu corpo com o dele, de lado. Sussurrou no meu ouvido:
- Já disse que acho que você daria um otimo par?
Aí sim, fiquei vermelho como pimentão. Não sabia pra onde ir, nem como agir. Queria sair dali e enfiar minha cabeça em um pote de terra. Mas não fiz. Eu estava gostando, incrivelmente, estava.
Doug me abraçou. Senti o órgão dele se aproximar do meu. Ele estava ficando excitado, percebi. Eu também estava. Ele foi alisando meu rosto, roscando sua barba em mim, aproximando da boca, até que, bem devagar, entornou sua língua dentro da minha boca. Ficamos naquela: eu todo encolhido, com as mãos no ferro da varanda, beijando meu melhor amigo. E que beijo bom! Ajeitei meu corpo pra ficar mais perto do dele, e o abracei, enquanto sentia cada pedacinho da sua língua, e mordia seu lábio delicadamente. Abri o olho um pouquinho e o vi tirando minha blusa, delicadamente. Ele me empurrava pra parede, e quando me encostei, já com as costas nuas, senti o frio do azulejo. Me arrepiei todo e o afastei de mim.
- O que foi? - perguntou
- A P-parede-de... Gelaa-adaa-a. - respondi, tremendo.
- Vem pra cá.
Abriu a porta da varanda, me puxou pra dentro, e fechou-a de novo. Fiquei em pé, do seu lado.
- Senta - apontou pra cama.
- Certo. - sentei.
Ele ligou o som. Colocou um CD da Madonna pra tocar. Tirou a camisa, e correu pro meu lado, fugindo do frio.
- Aqui é mais quente - e me olhou, de novo, com aquele olhar de antes. Era sua marca registrada, e eu gostava daquilo.
Me deitei na cama, encostando no travesseiro, sentindo seu corpo vir junto ao meu. Mesmo de frente, nos beijávamos e ele tirava minha calça. Acabei tirando a dele também, jogando em qualquer lugar do quarto. Virei de costas e ele reclamou, disse que assim era ruim, que sabia colocar de frente. Vi seu órgão e tive vontade de por a boca. Mas não disse nada, apenas fiquei olhando, meio que espantado com o tamanho e com vergonha de tudo que estava acontecendo.
- Pega. - ele disse.
Peguei e comecei a friccionar, várias vezes, fazendo-o gozar na minha barriga. Desci um pouco meu corpo, e coloquei aquilo tudo na minha boca. Olhei pra cima e senti que ele delirava. Eu também delirava. Bom demais o gostinho dele. Eu gostei tanto que só nesse processo nem precisou ele bater uma em mim, eu já estava gozando! Depois ele fez o mesmo em mim, e saiu beijando meu corpo até chegar na minha boca. Pude sentir meu gostinho também. Ficamos ali, nos beijando e se enroscando, até que ele me aproximou do seu corpo, e colocou por traz, exatamente como ele disse que sabia, atingindo minha próstata. Aquilo me excitou como nunca antes tinha feito, com menina nenhuma. Uma experiência nova, que vou guardar pra sempre. O melhor dia dos namorados que eu já tive. Ainda passamos um tempo ali, e ele perguntou se eu não sabia fazer o mesmo. Eu respondi que não, porque, afinal, aquela era minha primeira vez com alguém do mesmo sexo. Ele respondeu "tudo bem" e ficamos ali, na cama, sentindo o friozinho de inverno chegar, entre carícias e beijos molhados, até o fim da festa. Acabamos caindo no sono e no outro dia, mais ou menos às seis da manhã, acordei, troquei de roupa, dei um beijo na testa do Doug, e saí, deixando um bilhete em cima do som:
"Obrigado por fazer o dia dos namorados um dos melhores que já tive. Adoro você"
E fui embora, cantarolando e catando flores pelo jardim, à caminho de casa.