"Não sei porquê, não sei como, mas de repente estávamos só eu e ela na pista de dança."
A casa de festas que nós entramos era escura e tinha muita luzes passeando por ali. Talvez mais luzes do que pessoas. O piso era quadriculado em preto e branco e escorregava, as paredes eu não consegui definir a cor, e muitos rostos ali pareciam-me estupidamente desconhecidos. Engraçado é que só fui perceber isso muito tempo depois, quando 'acordei' do encantamento que a Susi me proporcionava. Mas isso só aconteceu porque ela saiu da minha frente e foi pegar mais um drink.
A musica alta invadia meus ouvidos, deixando-me com uma pequena dor acima da nuca. Mas não me importei, tava me divertindo, e fazia tempo que eu não o fazia desse jeito. Susi balançava seu corpo escultural na minha frente, enquanto eu suspendia meu cabelo no ar. Tudo pra mim estava em câmera lenta, e ela, pelo jeito, em tom acelerado.
Nós duas dançamos muito mais do que todo mundo. Talvez tenha sido o efeito da bebida, ou não sei o quê, mas eu e ela 'arrazamos' na pista de dança. Muito mais do que todo mundo que estava conosco.
Dançamos tanto até começar a música lenta. Nessa hora eu já estava muito mais que apenas exausta e suada, estava pingando. A bebida toda já tinha ido embora. Era hora de pegar mais.
Susi me acompanhou até o bar e pediu mais duas cervejas ao barman. Pelo seu olhar comprometedor, senti que ela já o conhecia, mas nem me importei. Terminamos as duas cervejas conversando muito, rindo muito de todos que estavam lá, inclusive dos nossos próprios amigos e de nós mesmas. A noite estava mesmo divertida.
As quantidades e qualidades de bebidas foram ficando mais fortes. "Susi, não bebe tanto, você vai dirigir", eu a alertava, mas ela nem ligava. "Não me importo, sei meu limite e sei o que estou fazendo." Na verdade, quem não sabia o limite era eu.
Tanto que na hora que a Susi foi embora, com todo mundo dentro do carro, do mesmo jeito que veio, eu nem percebi que ela havia me deixado lá no bar, de cabeça abaixada na bancada, perdendo o meu limite.