Amadurescência, adolescência, é nisso que eu vivo. E hoje eu completo mais um ano para sair dessa vida, desse borbulhar de coisas, dessa intensidade. Será que vou mudar muito daqui pra frente? - surge a pergunta. Talvez sim, talvez não, ninguém sabe; o futuro é tão incerto. E dá tanto medo.
Sabe, são só dezessete anos. Um ano a mais dos dezesseis, a idade em que toda garota se sente adolescente. Adolescente de verdade. Pelo menos comigo, eu me senti uma adolescente aos dezesseis. E agora, aos dezessete, eu vou ser o quê? Pré-adulta?
Não é ruim. Chega a ser bom. Mas é ruim saber que tanta coisa que eu construi ficou pra trás, algumas eu nem posso trazer de volta. E é bom por saber que eu estou crescendo, estou ficando bem preparada para encarar o mundo de frente, com bons olhos.
Hoje eu me acordei não me sentindo mais velha, mas me sentindo maior. Saber que eu vou seguir em frente com um olhar maior me tráz uma grande satisfação, e nem tanto medo assim - já que detesto ficar presa num lugar só por muito tempo. Essa percepção de megalomania me faz seguir em frente, como se eu estivesse hipnotizada por essa grandiosidade toda que me espera, me chama.
Sempre tive essa coisa com aniversários. Para mim, os aniversários das outras pessoas servem para que, as que gostam desta, lembrarem. É uma data especial que simboliza o quão a sua presença é especial nesse mundo. E o meu aniversário significa crescimento. É um pé a mais na escada da vida, um desprendimento com as coisas ruins do passado, tentando carregar (nos bolsos) as coisas boas e construtivas. É o Iluminismo para o Séc. XVIII. Meu Iluminismo.
O medo é grande, obscuro e presente. Mas a força que eu quero enfrentá-lo é muito maior, e talvez eu esteja ganhando mais a cada dia que passa, cada dia a mais que eu cresço. E é essa força, esse foguete que me impulsiona pra frente, pra vida.
Muita coisa não mudou. A casa não mudou, as roupas, a comida, nada mudou. Mas eu mudei, eu cresci, eu acordei com essa sensação de ser maior. "Mais alta" a cada dia, sem aumentar na estatura, no físico.
Hoje, eu me levantei com os olhos no céu.
"De ontem em diante serei o que sou no instante agora
Onde ontem, hoje e amanhã são a mesma coisa
Sem a idéia ilusória de que o dia, a noite e a madrugada
São coisas distintas
Separadas por um canto de um galo velho"