Anoitecia num prédio antigo perto do subúrbio do Rio de Janeiro. Por entre as poucas árvores, corria um vento frio, que arrepiava o resto de cabelo dos velhos e as pernas descoloridas das prostitutas. O ar levava para longe o cheiro de sarjeta, de perfume barato das casas com iluminação chamativa, e carregava o som dos muitos gemidos, beijos, delírios e declarações de amor ao desejo fulgurante. O vento passeava pelo subúrbio sujo e cinza - e entrava pelas janelas de alguns flats que insistiam em ser ocupados por pessoas que não tinham outro lugar melhor para ir. E entre eles, havia uma moça que queria acreditar num amor impossível.