Os dois conversaram sobre música, sobre piercings e sobre tatuagens. Jack revelou seu desejo secreto de ter uma no mamilo e Corey gostou da idéia. Fez até questão de incentivá-lo, mas Jack fez uma cara feia e retrucou:
- Não vou fazer! Deve doer muito e eu não tenho dinheiro nem coragem. Ainda mais, quem quer ver? Meu corpo nem é musculoso pra eu ficar andando e mostrando meus mamilos tatuados – falou isso com um tom áspero e arrogante – no meio da rua.
- Calminha Jack. Também não precisa ficar nervoso.
Jack fez uma cara feia e chamou a garçonete.
- Me traz uma porção grande de batatinhas e um chope.
- Dois chopes. – disse Corey.
- Me diz uma coisa... – começou Corey – você nunca se interessou por ninguém do mesmo sexo?
A cara de Jack não foi lá essas coisas.
- Não, que eu me lembre. Porque?
- Não, nada não.
E voltaram a conversar. Corey não conseguia evitar o rosto vermelho que ficou ao fazer aquela pergunta. Também não conseguia evitar o jeito de como adorava quando Jack aproximava-se dele pra tirar o cabelo do seu rosto, e isso fazia corey ir às nuvens, imaginar coisas e mais coisas! Nunca havia se sentido tão bem com ninguém! Achava que estava apaixonado, mas não queria levar aquele sentimento muito longe. Afinal, Jack era hetero. E pelo jeito deixava aquilo transparecer todo o tempo. Mas Corey estava a fim de mudar a situação, de invertê-la.
Saíram umas oito e trinta e cinco do bar, e ficaram a caminhar bem devagar, conversando, pela pracinha e pelas ruas próximas a ela. Em determinados momentos, Corey ficava a observar Jack, e aquilo fazia sua mente viajar. Gostava daquilo e, quando Jack o chamava a atenção, não conseguia esconder seu rosto envergonhado. Outra vez, ele tentava pegar de leve sua mão, mas sempre Jack fazia algo pra eles caírem na gargalhada e Corey ficar mais uma vez envergonhado. Em uma dessas paradas, eles sentaram e ficaram em silêncio durante muito tempo. Até que Corey quebrou:
- Vai, me diz, ninguém nunca lhe chamou atenção? Digo, do mesmo sexo e tal.
- Não, que eu me lembre, já disse. A não ser...
Calou-se.
- A não ser o que? – retrucou Corey
- A não ser você. – revelou Jack, com um sorriso tímido.
Os dois ficaram em silêncio de novo e dava pra sentir o rosto deles queimarem. Os dois estavam morrendo de vergonha, até que Corey tomou coragem e puxou o rosto de Jack pra mais perto, mas não tão perto capaz de beijá-lo. Jack não se afastou, nem se aproximou. Apenas ficou ali, parado, olhando bem de perto os olhos esverdeados do amigo, que agora, se eles se aproximassem mais um centímetro, passariam a ser mais do que amigos.
E foi justamente o que aconteceu. Corey tomou toda coragem que tinha e aproximou-se do rosto de Jack, encostando seus lábios nos dele. Jack sentiu o ardor da boca de Corey encostar-se à sua e sua língua logo penetrar na sua boca, encontrando-se com a sua em um beijo caloroso de dar inveja. Aquilo, pra quem olhava de fora, parecia não terminar nunca, que eles jamais iriam desgrudar-se. Mas para eles foi como se o tempo parasse. Depois de finalmente se desgrudarem, Jack olhou para o rosto satisfeito e (ainda) um pouco vermelho de Corey. Abaixou a cabeça e sentiu seu rosto queimar e algo lá embaixo também. O que estava acontecendo? Será que tinha mesmo gostado de beijar um homem? Ficaram em silêncio novamente, até que, no mais tardar, percebeu que corey quase ia-se embora. Não deixou e, bruscamente, puxou-o pra bem perto do seu corpo, apertando-o contra seu órgão e beijando-o ardentemente, dessa vez bem mais do que da primeira. Afastou-o, mas sem afastar seus corpos, e perguntou:
- Dorme comigo hoje?
Corey se assustou com a iniciativa de Jack. Assustou-se consigo mesmo, desde o momento que conseguiu puxar o rosto de Jack pra mais perto e beijá-lo. Agora, ainda mais com tudo isso.
- É o que eu mais quero – respondeu, dando-lhe outro beijo.
Andaram de mãos dadas até a parada de ônibus. O combinado era dormir no apartamento de Corey, já que ele morava sozinho, e no outro dia bem cedo Jack ir-ia pra casa. Apesar de que Corey queria que eles passassem o dia todo junto, já que seria um domingo, mas Jack achou melhor não aceitar a oferta irrecusável:
- É melhor não, minha mãe pode desconfiar e tudo o mais. Ainda tenho que prepará-la para a noticia de que seu filho não é mais filho.
Os dois caíram na gargalhada e o ônibus chegou. Entraram e sentaram na ultima cadeira, pois era tarde e o ônibus estava vazio. Desceram na 13° parada após a praça.
A casa de Corey não era sofisticada, como Jack imaginava. Era uma casinha simples, com um quarto grande com suíte, um banheiro no centro, uma cozinha com uma escada próxima que dava pra alguma coisa lá em cima, e uma sala de estar com um sofá no canto da parede, uma tv e um centro em forma de V no meio com uma placa de vidro em cima. Jack também reparou que a placa estava suja de marca de copo, mas não se importou. Também fazia o mesmo.
Foram quase que arrancando as roupas e os cabelos para o quarto. A cama de casal estava bagunçada, como se os dois tivessem acordado agora. Corey jogou Jack defronte para ele e saiu, rapidamente, para o banheiro pegar alguma coisa. Voltou com uma camisinha e uma garrafa de vinho. Perguntou:
- Você ainda quer beber um pouco, só pra relaxar?
- Se eu relaxar mais durmo. Vem logo pra cá. – e dizendo isso, Jack puxou Corey diretamente para cima de si. Em poucos segundos, os dois estavam completamente nus. Quando Corey percebeu que Jack estava completamente excitado, arriscou-se a descer a boca em direção ao seu órgão latejante, mas um pouco receoso. Parou no fim do caminho-da-felicidade e olhou pra cima, e avistou Jack quase morrendo de tanto prazer e arrancando os lençóis da cama. Não teve duvidas e arriscou-se de uma vez, tomando tudo aquilo em sua boca. Em poucos minutos Jack estava tendo seu pré-gozo e gozo, e Corey não tirou a boca em momento nenhum. Depois de engolir todo seu sêmen, subiu a boca e deu um delicadíssimo beijo nele. Estavam excitadíssimos e Corey queria fazer tudo com o maior cuidado. Com um pouco de esforço, fez com que Jack fizesse o mesmo nele. A situação em que eles se encontravam era indescritível à tamanha luxúria. Depois de Jack fazer a ‘sua parte’, Corey pegou o vinho, abriu, e derramou em cima de todo o corpo de Jack. Passou a lambê-lo dos pés a cabeça, onde se encontrava vinho ele lambia. E passou-se assim, então, a noite inteira. E, logo pela manhã, bem cedinho, Corey acordou.
~
Era uma manhã de domingo quando ele acordou. Mas aquela não seria somente uma manhã de domingo. Aquela era a manhã de domingo. Olhou para o lado da cama e não viu quem estava lá na noite passada. Lembrou-se de tudo como um filme que passara em sua mente, e ele era o protagonista. Agora estava ali, desolado, sem saber o que fazer. Levantou-se e, pelado, foi até a varanda e, fitando um táxi, viu uma pessoinha reconhecível. Tentou dar tchau, mas a casa era alta e o jardim, imenso. Com certeza a pessoa não iria vê-lo. Falou, baixinho:
- Até mais meu queridinho.